Tuesday, May 13, 2008

A censura às obras de Natália Correia


O terceiro número da série Cadernos Biográficos (distribuída com o jornal Público; editada pela Parceria A. M. Pereira), foi dedicado a Natália Correia. Da responsabilidade de Paulo Marques, o volume apresenta um pequeno texto dedicado à censura de obras de Natália Correia, onde naturalmente é referida a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica:

A censura às obras

Este ser em “permanente conflito, que se procurava algures entre o touro bravo que investe e a pomba branca que pacifica” viu ao longo da vida muitas das suas obras proibidas pela censura do Estado Novo, nomeadamente a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (1966) que causou grande escândalo e levou a que fosse condenada a três anos de prisão com pena suspensa, O Homúnculo (1965) ou a peça O Encoberto (1969).

Fernando Dacosta revela em Máscaras de Salazar que: “Natália Correia tirou, com O Homúnculo, o sono ao ditador. Foi uma das obras contra si que mais o perturbaram. A energia, a escrita, a profundidade, a irreverência da autora impressionaram-no profundamente. Quando a PIDE lhe foi comunicar a prisão da poetisa e a apreensão da obra, responde: ´Retirem o livro, sim, mas não toquem nela. É uma mulher muito inteligente`.”

Também foi processada pela responsabilidade como editora do livro Novas Cartas Portuguesas (1972) de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, - “As Três Marias” -, que fazia a defesa do feminismo.